Qual é o espírito certo para começar a cuidar da alimentação?Sabemos todos comer saudável, sabemos o que faz bem e faz mal, no livro está escrito, mas não estou a ensinar nada a ninguém.
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A covid-19 veio mostrar-nos que os óbitos estão geralmente ligados a co-morbilidades, doenças que se agravam pela má forma como comemos. Obesidade tem sido apontada como factor de risco.Não foi a pensar no covid-19, embora o tenha terminado no confinamento, mas o livro vai nesse sentido. A alimentação é importante na imunidade. Devemos perguntar-nos: como é que não conseguimos mudar uma coisa que sabemos que vai ser boa para nós? Se calhar temos de voltar para trás, uma vez que os valores das doenças - diabetes, AVC, e outras - continuam a aumentar. Noto imenso que dantes só tínhamos consultas de emagrecimento e agora os médicos mandam pacientes para nós. Confiam muito mais em nós. Isso também mostra que a alimentação é muito mais importante do que se pensava.
Estava a estudar Nutrição e continuava a engordar.Comecei a dar consultas com 90 quilos e as pessoas perguntavam-me se estava grávida. Não queriam acreditar. E, de facto, percebo. Por que é que hei de acreditar que devo emagrecer e ela está assim. Não quer dizer que não possamos ser bons profissionais. Isso gera ainda mais pressão. Comia para compensar o facto de me terem perguntado se estava grávida. Eu tinha uma relação péssima com a comida. Não comia nada, depois comia bolachas e não jantava. Fazia tudo ao contrário. Isso já envolve algum distúrbio. Nem dei por isso e depois fiquei obcecada. É uma doença como outra qualquer e não tratei, achava que era apenas hormonas, porque não era menstruada. Só percebi o meu problema quando me realizei a nível profissional e o meu marido me pediu em casamento. Deixei de pensar na comida para me preocupar com outras coisas - o vestido de casamento, a quinta, o fotógrafo. Estava feliz, um ordenado bom para a minha idade. Na adolescência nada chega, fui uma insatisfeita durante sete anos com o meu corpo e com tudo o resto. É a idade dos distúrbios e convém os pais estarem atentos. Os meus não souberam da missa nem a metade. Só quando publiquei os primeiros livros.
Ágata Roquette é licenciada em Nutrição e Engenharia Alimentar pelo Instituto das Ciências da Saúde-Sul. Atualmente dá consultas no dayspa Isabel Queiroz do Vale (Estoril) e colabora com empresas como a Accenture, onde dá consultas aos funcionários das mesmas. Dá ainda consultas na Go Clinic no Atrium Saldanha, onde acompanha sobretudo mulheres grávidas e no pós-parto. O livro A Dieta dos 31 Dias vendeu mais de 100 mil exemplares em Portugal, tendo sido traduzido com grande sucesso em Espanha, em janeiro de 2013, onde se encontra já na 4.ª edição. Em 2013 publicou As Regras de Ouro da Nutricionista Ágata Roquette, que vendeu mais de 50 mil exemplares até ao momento e que irá ser editado brevemente em Espanha.
Poucos meses antes do seu casamento, depois múltiplas dietas falhadas pelo excesso de obsessão, rigor e restrição, decidiu que iria tentar acertar os ponteiros da balança, mas desta vez de forma descontraída. Ao seu próprio ritmo. Perdeu 20 quilos e não voltou a engordar. Tornou-se numa das especialistas mais requisitadas no Estoril, afluência que a levou ao seu primeiro livro. Entretanto, já vieram mais sete, incluindo o novo manual que ensina tudo sobre comer de forma equilibrada. Chama-se "O Grande Livro da Alimentação Saudável", editado pela Contraponto, e fala um pouco de tudo: nutrientes, hábitos bons, hábitos maus, maternidade, amamentação, alimentação infantil, mitos e dúvidas que frequentemente lhe chegam em consulta. E, claro, receitas. Mais do que para emagrecer, o livro quer pôr as pessoas a comer bem, para que se evitem problemas futuros, desde o colesterol, à diabete. Acaba de chegar às livrarias e foi o que levou a MAGG à conversa com a autora.
O livro "A Dieta dos 31 Dias" é mais sobre emagrecer. "O Grande Livro da Alimentação" é sobre alimentação saudável. São coisas diferentes?Emagrecimento e alimentação saudável são coisas completamente diferentes. Para emagrecer temos de desequilibrar um bocadinho, seja a nível calórico, seja de alguns nutrientes. De outra forma, a pessoa não perde peso. Este livro é mais sobre alimentação saudável no geral. Falo sobre amamentação, gravidez, aumento de massa muscular, aumento de peso, mitos, várias curiosidades, perguntas que me fazem tipicamente nas consultas.
Fala-se muito em "fechar a boca" para perder peso.As minhas dietas têm imensa comida. Há pacientes que acham que comem mais do que comiam antes. A minha luta foi sempre pôr o máximo de comida possível no dia de uma pessoa para ela perder peso. Nunca quis cortar, cortar, cortar. É impossível terem fome. Outra coisa que eu fiz no livro e faço em consulta é uma lancheira para cada um gerir durante o dia. Não sou eu que faço essa gestão porque todos, em determinadas alturas, comemos por neura, ansiedade ou stresse. Portanto, fazem um lanche às 16 horas, mas se às 17 horas estiverem nervosos, podem ir à lancheira outra vez. E se calhar às 20 horas podem lá voltar para ir buscar uns tremoços, porque estão a fazer o jantar e cozinhar dá sempre vontade de picar alguma coisa. Esta liberdade que dou aos meus pacientes é o que faz a diferença. Eu já passei por isso.
E como é que gerimos o mal estar emocional ao jantar, que é quando recomenda o corte de hidratos?Digo aos meus pacientes que, depois de um dia de trabalho mais complicado, devem fazer um jantar que lhes dê mais prazer. E isto é possível mesmo sem hidratos. Aconselho muito uma omelete, com cebola, cogumelos, muitos legumes. Comer um lombinho com uns brócolos, assim sem graça, num dia em que se está em baixo, não é bom. Devemos fazer isso nos dias em que estamos bem dispostos e em que tudo correu lindamente. Não nos podemos esquecer que procuramos prazer na comida. Portanto, uma pessoa que chega triste a casa e olha para um prato que não seja apetecível vai continuar à procura. É assim que vêm as bolachas, as tostas e os chocolates. Neste livro eu falo dos pratos que dão mais prazer e que são bons para quando a pessoa chega a casa depois de um dia mau. 2ff7e9595c
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